Com o aumento da urbanização e o distanciamento da natureza, cresce a demanda por soluções sustentáveis e saudáveis no ambiente urbano. É nesse contexto que a profissão de Gestor de Agricultura Urbana se destaca, unindo conhecimento técnico e prática comunitária para criar cidades mais verdes, resilientes e saudáveis. Neste artigo, compartilho minha experiência direta como gestor ativo no campo, revelando não só os desafios diários enfrentados, mas também os impactos positivos e transformadores da agricultura urbana na vida das pessoas. Recentemente, políticas públicas em grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Curitiba, vêm incentivando hortas comunitárias e telhados verdes, impulsionando o reconhecimento profissional da categoria. Essa valorização também projeta um futuro mais promissor para quem deseja se especializar e atuar na área.
Primeiros Passos no Campo: Enfrentando o Solo Urbano
Minha jornada como gestor de agricultura urbana começou com mais paixão do que técnica. Enfrentar terrenos compactados, solos pobres e desinformação foram os primeiros obstáculos. Trabalhar com a terra em plena cidade exige uma adaptação à escassez de espaço e à poluição do solo, o que me levou a estudar profundamente compostagem urbana, técnicas de biofertilizantes e o uso de substratos alternativos. A aplicação prática disso, como transformar restos de alimentos de escolas em composto para hortas comunitárias, gerou resultados surpreendentes e engajou a população local.
Planejamento de Hortas Comunitárias: Muito Além da Agricultura
Organizar uma horta urbana não é apenas plantar e regar. É coordenar uma rede de pessoas com diferentes expectativas, cuidar da gestão de água, planejar ciclos de plantio e ainda educar. Em uma de nossas hortas no bairro do Ipiranga, utilizamos o conceito de “design participativo”, em que a comunidade decidia, junto conosco, o que plantar. Isso fortaleceu o sentimento de pertencimento, reduziu o vandalismo e aumentou a colheita. O papel do gestor aqui é ser um facilitador entre o conhecimento técnico e o desejo coletivo.
Educação Ambiental: Transformando Alunos em Guardiões Verdes
Uma das experiências mais gratificantes foi trabalhar em projetos com escolas públicas. Levamos hortas para o pátio das escolas e, através delas, ensinamos sobre ciclos da natureza, sustentabilidade e alimentação saudável. As crianças se tornam agentes multiplicadores e passam a cobrar os próprios pais por práticas mais conscientes. A horta escolar se transforma em sala de aula viva, onde matemática, ciências e até história ganham um novo sentido.
Desafios Cotidianos: Burocracia, Manutenção e Clima
Nem tudo são flores (literalmente). Os principais desafios no dia a dia são a burocracia com licenças, a manutenção constante das áreas e a imprevisibilidade do clima urbano. Um exemplo foi quando uma forte chuva destruiu metade do canteiro da horta em Heliópolis. Tivemos que replanejar a drenagem, reforçar a estrutura e mobilizar novamente os voluntários. A resiliência é parte essencial desse trabalho. Manter um projeto ativo exige habilidade de comunicação e gestão de crise, além de constante capacitação técnica.
Resultados Visíveis: Colheitas, Comunidade e Qualidade de Vida
Ao longo do tempo, os frutos do trabalho começam a aparecer — e não falo só dos vegetais. A melhoria da alimentação de famílias, a redução de estresse em idosos que participam das hortas, a diminuição de resíduos orgânicos e a recuperação de áreas degradadas. Em números, conseguimos reduzir em até 30% o descarte de resíduos alimentares em algumas escolas parceiras e aumentamos em 40% o engajamento comunitário nas atividades locais. São esses resultados que validam a importância do gestor de agricultura urbana.
Impactos sociais da agricultura urbana
Futuro Verde: Profissionalização e Reconhecimento da Categoria
Nos últimos anos, aumentou significativamente a procura por cursos técnicos e de extensão na área de agricultura urbana. A profissionalização trouxe mais visibilidade e respeito à função, possibilitando inclusive parcerias com universidades, ONGs e empresas privadas. A regulamentação do cargo em cidades como Belo Horizonte é uma tendência que pode se expandir nacionalmente. O futuro aponta para um papel estratégico do gestor de agricultura urbana nas políticas públicas, especialmente no enfrentamento das mudanças climáticas e da insegurança alimentar nas cidades.
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